Esta semana a TV francesa transmitiu o
filme «Piaf, um Hino ao Amor». Raramente fico até tarde na frente
da televisao porque à noite procuro fazer coisas mais uteis. Mas
decidi assistir um pedacinho e nao consegui parar de vê-lo. Nao foi
a produçao, os atores ou outra coisa que me fez ficar vidrada no
filme. Foi a historia tragica dessa talentosa cantora que me
impressionou. Nunca imaginei que ela tivesse sofrido tanto na vida!
Nao sei se vocês ja tiveram a
oportunidade de assisti-lo, mas foi um filme marcante para mim.
Enquanto a memoria deixa, vou aproveitar para compartilhar com vocês
um pouco da estoria desta mulher tao sofrida. Além de mostrar uma
dura realidade, vocês aprendem um pouco mais sobre uma parte
importante da cultura francesa.
Edith Piaf quando pequena vivia largada
com a mae na rua, que cantava muitissimo bem. Era esse trabalho na
rua que sustentava a casa. A mae cantava numa calçada enquanto Edith
perambulava pelas demais ruas, longe do olhar despreocupante da
genitora.
A mae abandonou-a na casa da avo, que
vivia numa miseria terrivel. O pai foi embora trabalhar e largou a
menina sem do, nem piedade. Algum tempo depois, o pai voltou para
busca-la e foi a outra avo quem «cuidava» dela. Ela era dona de um
bordel e eram as prostitutas quem tinham o maior carinho com ela.
Nessa época, ela devia ter uns 4 anos.
Piaf viveu nesse meio terrivel e quase
ficou cega por conta de uma doença. Quando ela começou a se adaptar
com todos, o pai voltou e pegou-a de volta. Ambos foram viver em
caravanas de circo, onde o pai trabalhava como acrobata e fazia dela
sua empregada. Apos ser despedido, foram morar na rua, numa
precaridade imensa. Primavera, verao, outono ou inverno, a pobre
menina sofria como um cachorro magro pelos becos sujos. Era tratada
como um lixo pelo pai, nao tinha nenhuma referência na vida e a cada
vez que conseguia se adaptar, o mundo caia novamente.
Num belo (e sofrido) dia, quando Edith
ja estava com 14 anos e vivendo ainda nesse caos com o pai, que ja
tinha se tornado alcoolatra, ele obrigou-a a fazer algo na rua
durante uma de suas apresentaçoes para ganhar mais moedas dos
passantes. E eis que Edith começou a cantar. Começou ali um show à
parte. Ela era o show, nao mais o pai. Aplausos, gorjetas, e finalmente
o reconhecimento de pessoas, mesmo que anônimas.
Aos 15 anos largou o pai e foi cantar
sozinha na rua até que um olheiro descobriu-a e a levou para cantar
num bar. Apesar do talento, ganhava ainda muito pouco e morava com
homens que exploravam dela e exigiam todo o seu lucro. Aos 18 teve
uma filha com o primeiro namorado, mas a menina morreu aos 7 anos de
meningite. Outro choque na vida da cantora, que havia deixado-a ser
cuidada de qualquer jeito pelo pai, repetindo o que a mae dela ja
havia feito com ela.
O tempo foi passando e empresarios
foram investindo em Piaf, que era um talento nato. Edith foi fazendo
sucesso, se tornou uma pessoa extremamente amarga e a cada perda de
referência, caia nas drogas e no alcool. Se casou, mas vivia com
amantes e com pessoas que queriam protege-la. Se tornou totalmente
dependente das drogas até praticamente o fim de sua vida, quando
ficou internada num hospital para se livrar deste problema.
Três anos antes de sua morte, conheceu
Michel Vaucaire que compôs «Non, je ne regrette rien». Ela se
apaixonou pela musica, alegando que aquela era a historia da sua
vida. Esta canção foi composta em 1956, com melodia de Charles
Dumont, gravada pela primeira vez em 10 de novembro de 1960.
A cantora faleceu no dia 10/10/63, aos
47 anos. Por conta da vida complicada, a cantora aparentava ter
praticamente o dobro de sua idade. Neste dia, a França perdeu um
pedaço de sua cultura.
Pesquisando na internet, descobri esse artigo no Wikipedia que da detalhes da estoria dela. Este sofrimento
nos faz repensar na vida boa e tranquila que levamos. E muitas vezes,
nao imaginamos porque certas pessoas sao tao amargas. Como ser
diferente depois de levar tanta pancada? Deixo aqui a reflexao....
Um comentário:
Olá Lo, bom dia!
o meu comentário não é pertinente ao filme, na verdade quero muito trabalhar como Au Pair na França e gostaria de saber a forma mais indicada e segura para fazer isso.
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